12 de junho de 2008

Dia dos Namorados

Passei por algumas páginas para ver o que as pessoas estavam escrevendo sobre o dia dos namorados... fiquei impressionado com tamanha qualidade literária dos textos que li. Textos reflexivos, cheios de sentimento e alguns textos céticos a respeito do amor.



A verdade é que, o amor por ser tão controverso, fica claro a impossibilidade de representa-lo em palavras mas, a necessidade de expressa-lo, de senti-lo faz com que humildemente tentemos, embora não tenho receio em dizer que a humanidade se encontra cada vez mais distante dele.

Cada um tem sua visão do que é o amor. Alguns o subdividem em categorias (amor fraternal, maternal...) transformando o sentimento único do amor em vários tipos de amor. Quando na minha verdade o amor é indivisível.

Não falarei a respeito do amor... nem sobre o Dia dos Namorados e suas supostas origens, sua ligação com o dia de Santo Antonio e a perda do verdadeiro sentido do Dia dos Namorados. Nessa data de hoje, as pessoas estão inspiradas! Existem muitos Post’s lindos espalhados na rede, então apenas colocarei dois exemplos do que o amor significa para mim.

Biblicamente falando, o controverso apóstolo Paulo em sua carta aos Coríntios o definiu da seguinte forma:

Nota: Em duas de três Bíblias evangélicas que encontrei, a palavra “caridade” estava substituindo a palavra “amor”. Em nenhuma Bíblia católica que pesquisei, encontrei essa diferença. Embora caridade também signifique amor ao próximo... acho que fica elas por elas!


I Epístola aos Coríntios

Cápitulo 13

1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

3 E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

4 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.

5 Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

6 Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

8 O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;

9 Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;

10 Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.

11 Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.

12 Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.

13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.


Embora Oswaldo Montenegro não faça parte do meu repertório, não posso deixar de lado uma música (mais se parece com um poema) que meu amigo Wolf me apresentou a um tempo atrás...


Metade

Oswaldo Montenegro

Composição: Oswaldo Montenegro


E que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca

Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
E a outra metade é saudade.


Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora

Se transforme na calma e na paz que eu mereço
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso

Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.


Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é a platéia
A outra metade é a canção.

E que a minha loucura seja perdoada

Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.


Não vou dissertar sobre essa canção, não cometerei este pecado. A grande maioria de nós é frente e verso em quase tudo, mas no amor somos inteiros, mesmo que muitos ainda não saibam amar.



Dia dos Namorados... uma ode ao amor.

10 de junho de 2008

A "Expressão" Necessária


As artes tem grande importância em nossa vida. Por meio delas geralmente expressamos nossos sentimentos e reflexões sobre varias coisas que nos cercam. Talvez essa necessidade de expressão por meio artístico seja um grito angustiado por muitas vezes não termos como nos expressar no nosso dia-a-dia. Essa forma de expressão está presente no mundo desde o inicio. Na escrita, na música, nas artes plásticas, esculturas, cinema...


Conheci algumas pessoas que foram categóricas em afirmar que se expressavam melhor compondo ou esculpindo do que se relacionando com outras pessoas. Realmente é bem difícil buscar a compreensão de outras pessoas. Um bom exemplo disso são as opiniões que as pessoas muitas vezes expressão sobre um assunto sem ao menos conhece-lo ou tê-lo vivido.


Estava pesquisando recentemente sobre “protelação”, um mal muito comum nos dias de hoje, inclusive sofro disto. E fiquei um tanto irritado com as opiniões expressadas por algumas pessoas. Não demonstrei minha irritação, procurei, pelo contrario, entender o ponto de vista alheio. Interessante foi ter “ouvido” palavras como “organização”, “método”, “determinação” e outras palavras de ordem como se esse mal fosse relacionado a preguiça, força de vontade, desânimo e coisas do tipo.


Buscar uma forma de expressão, no meu humilde ponto de vista, é superar uma pequena dificuldade de ser compreendido, aceito, entendido. Ao não obter resposta ou compreensão para nossos anseios, buscamos outras formas de nos expressar. A exemplo disso temos a internet, que transformou-se numa grande galeria de arte e expressão. Basta procurar por um poema, centenas de milhares de páginas serão exibidas com alguma poesia, na grande maioria expressando amor ou dor. Milhares de fotos espalhadas na grande rede exibem belas imagens da vida real, que expressam natureza, lugares, fatos vividos, doces lembranças... às vezes doloridas.


Há todos os tipos de pessoas que se expressam... Aquelas que expressam sentimentos e desejos sem perceber que estes fazem falta em sua vida, aquelas que expressam demais até, estão tão expostas como revistas em consultório médico. E temos ainda aquelas que ainda não conseguiram encontrar um meio de se expressar, de se comunicar.


Toda forma de expressão é válida! E a valorização de alguma arte expressa é gratificante ao criador, não por questões de ego, mas pelo simples fato do pensamento em comum em torno da obra, da reflexão. Do encontro da matilha, de descobrir a ligação sentimental com o grupo. Do relacionamento.


Algumas pessoas buscam sucesso na arte (o sucesso é um conceito pessoal, é um objetivo que cada um traça pra si. O que é sucesso para um pode não ser para o outro.) mas, muitas vezes o sucesso é o causador da destruição artística. A livre expressão somente pode ser exercida se ela for como deve ser... livre. O sucesso muitas vezes pode ter um preço alto demais.


Independente do objetivo traçado em sua busca ao se expressar artisticamente ou não, (sim, existem objetivos, ninguém pinta um quadro á toa. Nunca ouvi ninguém pintar um quadro e dizer “... AH, eu não tinha nada pra fazer... então pintei esse daí!” ou “... encontrei esse pedaço de pau e entalhei nele... só pra matar o tempo...”) Existe grande dedicação, esforço e sentimento por trás da obra expressa. Mas acima de tudo existe a necessidade latente de se expressar! Sendo assim, não faz diferença o meio que você utiliza para se expressar, apenas expresse-se!


Do texto Meditações XVII

John Donne


(Utilizado depois pelo Escritor Ernest Hemingway em “Por quem os sinos dobram”


“Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”.


Não seja uma ilha, não tenha medo de se expressar, de expor seus sentimentos... não tenha receio de se dar, ou pior, de não receber. Não se afaste do convívio, não evite amar. Busque a sua arte, a sua forma de se expressar, encha-se de vida, para que não haja arrependimento quando ouvir os sinos dobrarem.

2 de junho de 2008

Modelos e Comparações

Algumas pessoas crescem sendo comparadas, às vezes aos filhos dos vizinhos, aos colegas de escola, aos amigos e ou parentes... desde novos aprendemos o conceito de modelos, nossos tutores sempre ilustraram nossa vida com exemplos.

E assim crescemos, comparados e aprendendo a comparar, aprendemos a ter prazer ao realizar uma comparação e no fim nos darmos conta que em algo somos melhores, aprendemos com as comparações satisfazer o ego, estamos sempre buscando algo em que somos superiores aos olhos dos mediadores, dos juízes (algumas vezes, nos tornamos juízes de nós mesmos). Criamos com isso um sentimento de competitividade e passamos a nos alimentar de bons resultados. E muitas vezes, para alimentar completamente o ego, algumas pessoas reduzem à cinzas os "adversários" com a aprovação ou omissão do mediador ou grupo de pessoas.

Fazemos todo o tipo de comparação, de problemas à doenças, de experiências à falta delas, do que temos e do quanto temos e, se temos pouco, da qualidade desse pouco. E da forma que fomos criados, segue-se também as crianças de hoje, tentando se sobressair, chamar a atenção.

Eu cresci assim, sendo comparado ao filho da amiga que já trabalhava, ao filho da vizinha que está fazendo intercâmbio, a filha da colega de uma conhecida que sempre é a melhor da escola. Usam isso como motivação, acreditam que irão tirar o melhor de alguém criando uma competitividade ridícula. Nesses momentos somos alvejados com olhares decepcionados, olhos que traduzem a expressão "... Eu esperava mais..." e em seguida, dentro de nós, uma angustia, fruto do descontentamento causado pelo nosso esforço, começa a crescer. E por muitas vezes, nada do que se faça é o bastante para se igualar ao modelo usado por nossos juizes.

Me lembro de uma vez em que ouvi algo do tipo, "...Gostaria tanto que algum de vocês fosse músico...", eu, que na época estava envolvido com banda, me prontifiquei, saindo na frente dos demais: "... eu sou baixista!!!" achei que nesse momento deixaria de ser um mero comparado e me tornaria um modelo! Ilusões à parte, obtive um: "Não era desse instrumento que eu estava falando... me referia a um piano... que um de vocês fosse pianista!" de pronto esbocei um: "Ah... ... ... entendo... ..." isso foi a muito, muito tempo. Mas isso foi devido a um jovem pianista dotado de um talento nato ter se apresentado em um Talk-show ou coisa do tipo na tv.

Nem todas as pessoas são comparadas, e nem todas as pessoas percebem quando são e, muitas pessoas, fazendo uso da razão, passam acreditar que esta comparação é um exercício para a vida, porque a sociedade é competitiva, porque temos sempre quer procurar sermos melhores. Mas muitos de nós se perdem nesse caminho, muitos apenas sentiram o pesado reverso da medalha, muitos apenas tiveram seus egos massacrados pela humilhante e amarga derrota de não se sentirem vitoriosos, de se sentirem inferiores perante o modelo usado e inferiores também aos seus mediadores. E alguns, ainda tiveram a "honra" de serem comparados ao exemplo vivo! Ou ao vivo, uma comparação frente a frente, quase uma acareação... quem passou por tal situação sabe bem o que é isso... e ainda, mesmo depois da adolescência, ainda se sentem e ou são comparados (ou melhor dizendo... cobrados??)

Às vezes, as comparações acontecem pelo fato das pessoas que nos amam depositarem em nós os sonhos que não conseguiram realizar. Passam a sonhar um futuro melhor para nós...

Achar que este é um assunto banal, é simplesmente ignorar a realidade, é buscar dentro de uma "razão burra" explicação para o que não gostaria de pensar a respeito. Basta olhar ao redor e analisar, refletir sobre os modelos que nos são impostos, aos quais somos comparados e que incessantemente tentamos seguir, tentamos buscar, tentamos ultrapassar. Um bom exemplo é o modelo de beleza "europeu" imposto pela moda, mídia, sociedade, conheço pessoas que se sentem infelizes consigo e buscam incessantemente essa "perfeição"... existem tantos outros modelos que seria uma bobagem render mais exemplos.

O que realmente devemos parar de comparar é a nossa vida com a do outro. Ouço muitas pessoas dizerem que podem falar amplamente sobre determinado assunto porque tem mais experiência que outras, pessoas que menosprezam os problemas alheios porque o deles é infinitamente maior e sem solução, pessoas que comparam suas vidas, experiências e idade afirmando assim serem os donos da verdade, quando na verdade, cada ser é um individuo único e singular, na maioria das vezes solitário por ainda não se encontrar em busca de suas próprias respostas e, sem duvida nenhuma, terá suas próprias experiências.

Devemos parar de nos sentirmos inferiores. Algumas pessoas nem esperam que outras digam que seus problemas são minúsculos, elas mesmas diminuem seus problemas após ouvirem os de outras pessoas. E passam a ter vergonha, porque até em problemas temos modelos e juizes. Mesmo que seu problema seja um corte no dedo, e que alguém tenha quebrado o braço, não aceite que seu problema é menor, somente você sabe o tamanho que seu problema representa e, somente aprendendo a enfrentar seu problema é que você realmente estará apto a compartilhar a dor daqueles que importam a você.

Não importa se você não toca piano, se você não fala outro idioma, se não é tão belo ou se não é um individuo politicamente correto, não busque modelos, não compare e não aceite comparações. Seja você seu próprio espelho, seu próprio modelo, viva o que há de melhor em você intensamente. O que faz de você especial é que você é único e incomparável e nada no mundo vai mudar esta verdade.

Querer que alguém siga um modelo determinado é atrasar o desenvolvimento desta pessoa. Não sonhe seus sonhos para quem você ama, somente você pode realiza-los. Se você ama, não compare...